quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Lembranças do Carnaval

por Kako Xavier



Passados uns trinta anos, lembro quando chegava esta época do ano, a euforia tomava conta de mim e dos meus amigos. Curtir um carnaval era uma mistura de emoções, brincadeiras, bailes e o som dos tambores se aproximava e nos aproximava.
Lembro dos blocos burlescos, também chamados de bloco dos sujos, era uma festa, todos fantasiados, mascarados e querendo diversão. Ali era o ensaio aberto das Escolas de samba e também das charangas nos jogos de futebol. O Bafo da Onça, as Candinhas da Cerquinha (minha área), A bruxa da Várzea, eram blocos que sabiam fazer um carnaval, uma batucada diferente, sem igual, tomava conta das pessoas na rua. Tinha também o bloco “Aguenta se puder”, formado por músicos do exército, o povo enlouquecia e dizia: lá vem o aguenta !!!
A criatividade do povo, que brincava na rua, era embalada pelas frigideiras, pelas caixas e aquela “graveira” dos tambores de Sopapo.
E, me lembrando das brincadeiras e de criatividade tenho uma impagável para dividir com vocês, todos nós misturávamos imagens nas fantasias, lembro da cantora Nina Hagen fazendo sucesso no Brasil e lá estava eu na avenida, com uma camiseta da Nina, dois balões no peito e não deixava ninguém de fora das brincadeiras. Até que tinha um casal de mais idade, ela batendo o pé, acompanhando a batucada e ele de olhos fechados, balançando a cabeça. Pronto, me lancei: - Não dorme não amor, depois tem mais no Guarany (baile do xavante, depois vermelho e preto). Ela me olhos no fundo dos olhos e no meio de toda aquela bagunça me disse: - Ele não tá dormindo, ele é cego !!! Beinnnn, não tinha por onde sair, ali surgia o Kako, o rei dos balões rsrsrsrs.
Enfim, carnaval pra mim é saudade, da rua XV, da Av. Bento Gonçalves, da esquina da Deodoro com os amigos, vendo o aquecimento da Academia do Samba. “... na avenida tem mulher, também tem samba no pé, chique chique pixoxó, o bu bu bu e o bó bó bó ....”   

"O carnaval nos anos 80 em Pelotas era assim, o povo ganhava as ruas e se misturava aos blocos burlescos, uma verdadeira festa popular" Kako Xavier

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