Manifestações Populares

Sopapo
  
Instrumento ligado às charqueadas (colocação de sal na carne de gado após abate para conservação) no Rio Grande do Sul e Uruguai. Construído com couro de cavalo e tronco de árvore tal instrumento inicialmente estava ligado aos festejos de negros e à permissão religiosa para a matança de gado nas saladerias. Com a chegada do século XX o instrumento passa para os blocos de rua e chega ao carnaval das cidades de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre. No carnaval fazia o papel do surdo de terceira, responsável pelo "molho", o "redobre" que conferia uma característica única ao samba gaúcho. Paulatinamente perde espaço nas baterias para os instrumentos sintéticos e ainda devido à "carioquização" do samba imposta pela mídia televisiva. No final dos anos 90 ganha impulso a retomada de tal instrumento por um projeto chamado CABOBU, capitaneado pelo músico Giba Giba com a presença de grandes artífices percussivos da MPB: Djalma Correa, Naná Vasconcelos, etc, tendo ainda a presença da Bataclã FC. No ano de 2010 realiza-se o documentário "O Grande Tambor" com apoio do IPHAN que reconhece o instrumento como Patrimônio Imaterial conferindo novo impulso ao resgate desse instrumento que quase desapareceu no fim do século XX.

Candombe
  
Manifestação popular surgida no Uruguai no período colonial ligada aos escravos trazidos à Bacia do Rio da Prata e arredores. Há registros históricos da prática do candombe em Porto Alegre no final do século XIX realizado com tambor sopapo no bairro Cidade Baixa. Ainda no Dicionário de Afro Negrismos Uruguayos do século XVIII registra-se a presença de um quarto tambor grave junto à "cuerda" chamado de SOPIPA sendo que o candombe moderno é praticado com 3 tambores: piano, chico e repique. Há candombe ainda na Argentina (Província de Entre Rios), Paraguay, em grande parte da fronteira do RS com Uruguai e na cidade de Porto Alegre.
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Maçambique
  
Festa realizada em homenagem à Nossa Senhora dos Rosário. No RS, dentre outros lugares, realiza-se a festa em outubro na cidade de Osório, litoral norte do estado. Faz-se a coroação da Rainha Ginga e do Rei do Congo. Caracteriza-se sonoramente por tambores específicos e chocalhos chamados de massacaia mais guizos. O ritual do maçambique faz parte da Rede de Congadas no RS que compreende ainda Morro Alto, Prainha e também a manifestação do Quicumbi. Ritual ainda vivo nas cidades de Mostardas, Tavares, Rio Pardo, Cachoeira do Sul no interior do RS em que se utilizam tambores, pandeiro e reco reco de taquara. Em Mostardas ocorre ainda o Ensaio de Promessa.

Batuque de Nação Oyó Ijexá
  
Ritual africano de matriz iorubá e jêje, forma que só existe hoje no interior da Nigéria e Benin, diferente do candomblé. No Rio Grande do Sul tal ritual permanece vivo e com muita força na expressividade dos tambores, nas mãos ágeis dos tamboreiros que invocam os orixás para que "cheguem ao mundo". Tocado atualmente com tambor ilú e agês tem seus cantos entoados em iorúbá sendo que antigamente havia ainda a presença da "inhã", tambor tocado em ambos lados com as mãos.

  
Tambor de Sopapo, Ilú, Tambores de Candombe (Chico e Repique),
Tambor de Maçambique, pandeiro e agês.

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