quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Outros sopapos e outros carnavais



por Richard Serraria

Em 1998 resolvi procurar Giba Giba na CCMQ para saber mais sobre o sopapo, tambor que eu conhecia de ouvir falar apenas através de outras pessoas. Já em 1999 numa viagem da Sedac relativa ao projeto Cabobu para Pelotas, com a presença de João do Campo Novo então baterista da Bataclã FC, buscou-se nas oficinas do Colégio Pelotense o sopapo grande que até hoje segue comigo. 

Ainda em 1999 participamos do Festival de Música de Porto Alegre vencendo nas categorias Melhor Arranjo e Melhor Instrumentista para Sandro Gravador que tocou o sopapo junto com Alessandro Brinco no repinique. Em 2000 se realizaram duas edições do Cabobu e para lá seguimos com o sopapo fazendo shows junto com Chico César e Naná Vasconcelos dentre outros. Nos anos seguintes o sopapo se fez presente nos meus trabalhos musicais e à medida que se aproximava o ano de 2010 pensei que deveria ser marcada tal data de 10 anos do Cabobu com algo importante  ligado ao sopapo. 

Em 2009 então colocamos o sopapo na bateria dos Bambas da Orgia sob coordenação de Mestre Sandro Gravador. Bateria nota 10, Estandarte de Ouro, com direito a breque geral da bateria num dado momento em que ficavam apenas 5 sopapos tocando com ilús e agês em frente à bateria ajoelhada num círculo em torno do atabaque rei. Já  nesse ano iniciamos o documentário "O grande tambor" narrando a história do povo negro no RS através do sopapo. Depois disso tal documentário chegou ao RJ via Sesc RS e a curadoria do Projeto Sonora Brasil indicou o Alabê Ôni para circulação nacional em 2013/14 levando o sopapo para todo país. 

Mário Maia em seu trabalho acadêmico fala do sopapo nas charqueadas, depois no carnaval e por último na música popular do RS, citando a Bataclã FC nesse último aspecto. Contando essa história vejo que a percorri ao contrário: comecei com o sopapo na música popular urbana, fui ao carnaval para tocar sopapo e por último chegou o Alabê Ôni fazendo alusão ao sopapo da charqueada, tocado assentado no chão, sem talabarte e ligado ainda à  religiosidade afro gaúcha.

                         Richard Serraria na bateria dos Bambas da Orgia em 2009 tocando sopapo

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