No final da tarde do dia 16 de abril de 2008, na
Avenida Capivari 602, bairro Cristal em Porto Alegre-RS, numa sala a pouco
pintada e vazia de mobiliários estava cheia de história, de gerações que se
encontravam e registravam os preparativos do evento daquela noite de outono.
Gilberto Amaro do Nascimento, Neives Meireles Baptista, e Marcelo Cougo, entre
sons de Cavaquinho, Cuíca e Sopapo eram filmados por jovens do primeiro curso
de audiovisual do Quilombo do Sopapo, ponto de cultura que estava para receber
no início da noite a benção dos seus padrinhos e madrinha, Meste Giba Giba,
Mestre Baptista e Bataclã FC.
Os jovens em meio a acordes, histórias e gargalhadas
registravam alguns depoimentos, Mestre Giba
Giba fala do CABOBU, encontro dos Tambores do Sul realizado em Pelotas
no ano de 2000, quando convidou Baptista para construir os quarenta Sopapos que
foram as ruas de Pelotas na primeira edição do evento, a inclusão do Sopapo no
dicionário Banto do Brasil de Nei Lopes, a música de Paulo Moura e João Donato
sobre o Tambor de Sopapo e um breve registro“A cultura tu não faz dentro de
uma sala, a cultura é o jeito de ser de um lugar, não tem monitoramento cultural,
tem uma educação geral que é do povo que o povo se organiza cada um no seu
jeito de ser e dali se tem a cultura, por isso não sabemos até agora o tambor
típico de nosso lugar... aqui chamam a polícia quando estamos tocando tambor...
tem vizinho que grita que tem barulho, tem muito fiscal da alegria, tem muita
proibição, tem muito regulamento, tem muito quequequé, muito jerêrêré, dadadá,
e isto aí não é legal pra ninguém, muito menos para a cultura e educação, tenho
dito!”.
Giga Giba, acolheu, apadrinhou e principalmente
construiu e transformou o Quilombo do Sopapo pela palavra, pela música, pelo
Tambor de Sopapo nestes seis anos, Mestre Giga Giba como é conhecido por todos
que ouviram histórias através do Grande Tambor nas escolas e no Ponto de Cultura
durante a Ação Griô O Sopapo de Todos os Papos, pela tradição oral encantou
juntamente com os Griôs Edu do Nasmento e Mestre Jaburu e com a Aprendiz
Fernando Rizzolo, crianças e jovens das escolas públicas da Região Cristal
através da história do negro no Rio Grande do Sul contada e cantada através do
Tambor de sopapo.
Assim como os Pontos de Cultura, a Ação Griô surge com
o programa cultura viva, na condução de outro Gilberto, também negro e ícone da
música brasileira como Gilberto Amaro do Nascimento, Gilberto Gil revulociona a
cultura brasileira naquilo que nas suas palavras são “uma espécie de
"do-in" antropológico, massageando pontos vitais, mas momentaneamente
desprezados ou adormecidos, do corpo cultural do país. Enfim, para avivar o
velho e atiçar o novo. Porque a cultura brasileira não pode ser pensada fora
desse jogo, dessa dialética permanente entre a tradição e a invenção, numa
encruzilhada de matrizes milenares e informações e tecnologias de ponta. Os
Pontos de Cultura são intervenções agudas nas profundezas do Brasil urbano e
rural, para despertar, estimular e projetar o que há de singular e mais
positivo nas comunidades, nas periferias, nos quilombos, nas aldeias: a cultura
local. A política cultural do programa vem no sentido de "clarear caminhos,
abrir clareiras, estimular, abrigar; para fazer uma espécie de do-in
antropológico, massageando pontos vitais, mas momentaneamente desprezados ou
adormecidos, do copo cultural do país"
Giba Giba é expressão deste Doi Antropológico, desta
resistência que a tradição Oral permitiu
manter vivo uma das maiores bens culturais do Rio Grande do Sul, o Tambor de
Sopapo e todo patrimônio imaterial que ele projeta. Para a Rede dos Pontos de
Cultura do Brasil eternamente Mestre Giba Giba, eternamente Mestre Griô,
eternamente uma mordida na flôr!
Mestre Giba Giba (Tambor de Sopapo) , Marcelo Cougo da Bataclã FC (cavaquinho) e Mestre Baptista (cuíca), os padrihos e a madrinha do Quilombo do Sopapo.
Mestre de Tradição Oral
Giba Giba
Lançamento da ação griô
O Sopapo de Todos os Papos no Quilombo do Sopapo, Mestre Giba Giba e Griô Edu
do Nascimento numa roda de contação de histórias sobre os negros no Rio Grande
do Sul através narrada pelo Grande Tambor.
Griô Jaburu, Griô Edu do Nascimento e Mestre Giba Giba numa roda de contação de histórias musica no Quilombo do Sopapo, ação griô O Sopapo de Todos os Papos.
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